Há 60 anos morria Heitor Villa-Lobos, um dos maiores nomes da música brasileira. Para o violonista Turíbio Santos, Villa-Lobos é único: "Acha que foi uma fadinha que jogou pó de pirlimpimpim? Não, foi Heitor Villa-Lobos que musicalizou nosso país". ando por diversas vertentes musicais, Villa-Lobos foi e ainda é considerado por muitos o maior músico erudito brasileiro. Mas o maestro, que conquistou o Brasil e o mundo, foi além com sua obra. Zizi Possi é uma das que se renderam aos encantos do compositor ainda nos anos 1990, quando gravou "Melodia Sentimental". Para a cantora, a obra dele é muito especial: "Eu acho que a Melodia Sentimental é uma melodia que tem um jeitão popular. É uma música que fica na cabeça. Dá aquela impressão de que a gente sempre conheceu essa música".
Compositor, maestro, violoncelista, pianista e violonista, Villa-Lobos produziu cerca de mil obras ao longo de sua vida. Hoje, grande parte do seu trabalho está no museu que leva seu nome, no Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e viveu grande parte da vida. "No nosso acervo nós temos manuscritos originais. E também rascunhos que Villa-Lobos costumava chamar de monstros que ele utilizava pra construir suas ideias musicais e realizar suas obras", destaca Claudia Castro, atual diretora da instituição. Localizado num casarão do século XIX, no espaço também estão alguns objetos raros, como o piano que ele usava para compor em sua residência. Marcelo Rodolpho, consultor musical do museu, ressalta que o "local acabou se tornando a grande referência no mundo inteiro da obra de Villa-Lobos". Filmes e fotografias se juntam à imensa coleção que estará disponível ao público a partir de 2020, por meio digital. O trabalho, fruto de uma longa pesquisa que teve início ainda na década de 1990, será mostrado nesta edição do Caminhos da Reportagem.
No Museu Villa-Lobos também estão as primeiras partituras originais, manuscritas. Grande parte é de difícil leitura e nunca foi revisada. Uma parte delas está no acervo da Academia Brasileira de Música e, até pouco tempo atrás, ainda eram desconhecidas do grande público, como suas sinfonias. "Muitos de nós jamais tínhamos ouvido a maioria delas. Nunca tinham sido tocadas", desabafa Arthur Nestrovski, diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP).
E foi com o objetivo de manter viva a obra de Villa-Lobos para as gerações atuais e futuras que o maestro Isaac Karabtchevsky, em parceria com a OSESP e a Academia Brasileira de Música, iniciou um minucioso trabalho de revisão e editoração destas sinfonias. O projeto durou sete anos e traz uma peculiaridade: o músico compôs 12 sinfonias, mas a de número 05, que teria sido composta por ele nos anos 1940, nunca foi encontrada. Um sumiço que até hoje permanece como mistério. Para o maestro Karabtchevsky, a sinfonia 05 nunca existiu: "Procuramos por todas as partes, inclusive com nossos amigos mais íntimos e ligados pessoalmente a Villa-Lobos. Nunca aconteceu de termos o a qualquer manuscrito ou embrião do que poderia ter sido essa sinfonia".
Ficha técnica
Reportagem: Aline Beckstein
Edição de Texto: Luciana Góes
Edição de Imagem: Eric Gusmão
Produção de Conteúdo: Natália Costa das Neves e Aline Beckstein
Produção Executiva: Elisabete Pinto
Reportagem Cinematográfica: Gabriel Penchel, Gilson Machado, Jefferson Pastori e João Victal
Iluminação: Alex Vasconcelos e Ricardo Alexandria
Operação de Áudio: André Pichitelli, Cláudio Tavares e Felipe Messina
Auxílio Operacional: Carlos Júnior, Felipe Messina e Yuri Freire
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