Dos batuques africanos às rodas de samba como conhecemos hoje, muitos foram os elementos incorporados nessa trajetória, que tem como um dos marcos importantes a casa da famosa baiana Tia Ciata ou Hilária Batista de Almeida. A Ialorixá reunia de sambistas a políticos em seu quintal para fazer samba, sempre depois das festas para os orixás. Ali, no coração do território que ficaria conhecido como Pequena África, na região central do Rio de Janeiro, nasceria o primeiro samba a ser gravado, Pelo Telefone, do compositor Donga.
Até então o samba tinha um ritmo mais próximo do maxixe e foi aí que, por volta dos anos 1920, uma turma do bairro do Estácio, de acordo com os historiadores, viu uma oportunidade de criar uma escola de samba. E foi assim que nasceu a Deixa Falar, uma escola que nunca desfilou. Mas esse grupo, formado por figuras como Mano Elói, Ismael Silva e Bide, fez também sambas de sucesso, que atravessaram gerações e continuam sendo cantados até hoje nas rodas espalhadas pelo Brasil.
Rodas que cantam partido alto, samba de terreiro e também samba enredo. Três gêneros do samba carioca que se tornaram patrimônio cultural pelo Iphan, o Instituto Histórico e Artístico Nacional, em 2007.
Já na segunda-feira, o Samba do Trabalhador, comandado por Moacyr Luz, lota o Clube Renascença, casa referência da resistência negra na cidade. Uma das rodas mais disputadas, recebe tanto turistas, como frequentadores assíduos que cantam o repertório de cor, independentemente de fazer sucesso no rádio.
Em Oswaldo Cruz, bairro formado pela população negra expulsa do centro com as reformas urbanas e reduto histórico de grandes sambistas, como Monarco, Manaceia e Seu Mijinha, a Feira das Yabás resgata a cultura do samba no quintal, típico dos subúrbios cariocas. O evento, que celebra a cultura afro-brasileira, une música e comidas típicas feitas por matriarcas do samba, como Tia Surica.
Embora desde o início tenham sido protagonistas na história do samba, as mulheres ainda buscam reconhecimento. Na luta por um espaço mais democrático, em 2018 surgiu o primeiro Encontro Nacional de Mulheres na Roda de Samba. A cada evento, as sambistas começam a tocar simultaneamente em diversas partes do Brasil e do mundo.
Na semana em que se comemora o dia do samba, o Caminhos da Reportagem mostra que, mesmo diante da profissionalização e do grande sucesso comercial do Carnaval, ainda há espaço para aquele samba na palma da mão, do tambor ancestral, da espontaneidade e do improviso.
Ficha Técnica
Agradecimentos: Cultne; Feira das Yabás; Movimento Mulheres na Roda de Samba; Samba do Trabalhador; Mariana Trotta; Viviane Rangel
Narração: Bárbara Pereira
Produção: Luciana Góes
Apoio à Produção: Aline Beckstein; Thaís Chaves
Reportagem Cinematográfica: Sando Tebaldi; Luís Araujo; João Victal e Ronaldo Parra
Auxílio Técnico: Carlos Jr, Cláudio Tavares, Yuri Freire
Gravação em SP: Thiago Padovan - Produção; Gilmar Vaz - Reportagem Cinematográfica; João Batista - Auxílio Técnico
Edição de Texto: Ana os; Bárbara Pereira; Luciana Góes
Edição de Imagem e Finalização: André Garzuze; Diego Lourenço
Arte: Alex Sakata
Coordenação de Produção Musical: Ricardo Vilas
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