Ao longo da história da humanidade, a ideia da existência de Deus/es assumiu formas distintas: deusa, deuses e, por fim, um único Deus. Para o estudioso das religiões Mircea Eliade, é o próprio pensamento religioso que inaugura a humanidade, ou seja, é a crença em um poder sobrenatural que diferenciaria os homens dos animais logo nos primeiros momentos da espécie humana. Este último episódio da primeira temporada de Entre o Ceú e a Terra trata dos Deuses, Deusas e Panteões.
Para o psicólogo analítico Carl Jung, o homem tem a experiência psíquica de que forças interiores procedem de uma fonte profunda que não é alimentada pela consciência nem está sob seu controle. Na mitologia antiga chamavam-se a essas forças espíritos, demônios e deuses. Para Jung, eles estão tão ativos hoje em dia como no ado. E se ajustam aos desejos humanos. Ora são boa sorte ora inspiração feliz. Se as forças são desfavoráveis, a a ser pouca sorte, que tem alguém contra a pessoa ou que a causa dos infortúnios deve ser patológica, etc. “A única coisa que nos recusamos a itir é que dependemos de ''forcas" que fogem ao nosso controle”, escreve Jung no “O homem e seus símbolos”.
É verdade, no entanto, segundo Jung, “que nestes últimos tempos o homem civilizado adquiriu certa dose de força de vontade que pode aplicar onde lhe parecer melhor. Aprendeu a realizar eficientemente o seu trabalho sem precisar recorrer a cânticos ou batuques hipnóticos. Consegue mesmo dispensar a oração cotidiana em busca de auxílio divino. Pode executar aquilo a que se propõe e aparentemente, traduzir suas ideias em ação sem maiores obstáculos, enquanto o homem primitivo parece estar a cada o, tolhido por medos, superstições e outras barreiras invisíveis. O lema "querer é poder" é a superstição do homem moderno. Para sustentar esta sua crença, no entanto, o homem contemporâneo paga o preço de uma incrível falta de introspecção. Não consegue perceber que, apesar de toda a sua racionalização e toda a sua eficiência, continua possuído por "forças" fora do seu controle. Seus deuses e demônios absolutamente não desapareceram; têm, apenas, novos nomes. E o conservam em contato íntimo com a inquietude, com apreensões vagas, com complicações psicológicas, com uma insaciável necessidade de pílulas, álcool, fumo, alimento e, acima de tudo, com uma enorme coleção de neuroses”.
Na ficção, Açlberto caminha na praia e decide deitar-se na areia e olhar para o céu limpo e estrelado sobre ele. A sensação que ele tem é a de que ele é um dos grãos de areia que pega com uma das mãos: diante do universo, ele é tão insignificantes quanto aquele grão. Alberto pensa, então, na pequenez humana diante do tamanho dos planetas, das estrelas, das galáxias... Também pensa na quantidade de células do corpo que morrem enquanto outras nascem. A reflexão de Alberto é uma espécie de retomadas geral de todos os temas que movimentaram a temporada do programa. Alberto terminará sua jornada ainda cheio de perguntas, mas com uma visão muito mais rica e ampla sobre a cultura das religiões em relação a como iniciou sua jornada.
Produção: Realejo Filmes
Direção Geral: Marcelo Machado
Direção e Produção Executiva: Thomas Miguez
Roteiro: Daniele Ricieri, Marcos Lazarini e Thiago Dottori
Elenco: Clayton Mariano
Entrevistados:
Reverendo Egon Kopereck | Igreja Evangélica Luterana do Brasil | RS
Babalorixá Ivo de Xambá | Candomble | PE
Pai Alexandre Meireles | Umbanda | SP
Sami Isbelle | Islamismo | RJ
Maria Claudia Drummond | Bahá'í | DF
Sacerdotisa Denise de Santi | Wicca | SP\
Daniel Sottomaior | Ateu | SP
Lucia Helena Rangel | Antropóloga | SP
Ordep Serra | Antropólogo | BA
Bernardo Lynch de Gregorio | Especialista em Mitologias | SP
Marcelo Gleiser | Físico | RJ
Reginaldo Prandi | Sociólogo | SP
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