De cada dez trabalhadores resgatados de condições de trabalho análogas à escravidão no Brasil, um é do setor do café. Essa é uma das conclusões de um relatório divulgado hoje pela ONG Conectas Direitos Humanos. Quase metade dos trabalhadores resgatados de fazendas de café entre 1995 e 2023 estavam em Minas Gerais. A maioria é de homens negros, com baixa escolaridade, pessoas que trabalhavam, muitas vezes, mais de 12 horas por dia e não tinham nem o à água limpa.
A Conectas destaca que essas ações de combate direto ao trabalho escravo são muito importantes, porém elas alcançam apenas 10% das fazendas de café e os pequenos produtores. As grandes marcas, muitas multinacionais, não são afetadas. Isso porque alguns artifícios dificultam o rastreio do café desde a plantação até a prateleira dos supermercados.
Os atravessadores compram o café de várias fazendas e misturam na armazenagem antes de vender para essas grandes marcas, o que dificulta determinar a origem do produto.
“As grandes compradoras do café — e a gente está falando aí das maiores empresas do mundo, já que o Brasil é o maior exportador de café do mundo — elas não são responsabilizadas. Elas compram esse café, mas elas não são as multadas, e elas não são as responsabilizadas por se apropriar e por lucrar com essa escravidão que acontece lá na ponta”, afirma Fernanda Drummond, da Conectas.
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