Nas religiões de matrizes africanas, como Candomblé e Umbanda, a comida é sagrada e os terreiros desenvolvem um papel relevante no combate à fome. A Cozinha Ancestral Solidária Ilê Inã, em Sepetiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, é um exemplo. O terreiro oferece alimentos a toda a comunidade, independentemente de religião.
A iniciativa começou em 2019 com a Ialorixá Roberta de Yemonja. A cozinha ancestral acontece por meio de doações e ou a integrar o Instituto Cultural Águas do Amanhã fundado pela Mãe Roberta. Hoje, também faz parte do Fórum de Cozinhas Solidárias do Rio de Janeiro. Juntas, as cozinhas solidárias do Fórum distribuem aproximadamente 200 mil refeições por mês.
“A alimentação saudável e nutritiva, que é a perspectiva dos povos de terreiro e da cozinha solidária, influencia na saúde na ponta. Então, o povo de terreiro e a cozinha solidária fazem política pública”, destaca a ialorixá e diretora do Fórum Cozinhas Solidárias-RJ, Roberta Costa de Yemonja.
As cozinhas solidárias são uma oportunidade de o à alimentação saudável, sem agrotóxicos ou ultraprocessados, já que tudo vem da agroecologia. O Fórum de Cozinhas Solidárias do Rio tem outras 428 iniciativas. Metade são cozinhas de terreiro ou de comunidades tradicionais. Cerca de 90% das iniciativas estão localizadas em favelas, periferias e a maioria é coordenada por mulheres negras.
Além da refeição, o terreiro responsável pela cozinha solidária Ilê Inã também distribui alimentos in natura e realiza oficinas para que os assistidos tenham possibilidade de o a renda.
A cozinha solidária é uma das iniciativas da sociedade civil para o combate à fome e à pobreza que vão ser apresentadas no G20 social. Para pessoas de axé, o compartilhar alimento é considerado uma tecnologia social ancestral.
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