A emergência climática é uma realidade global, mas seus impactos são sentidos de forma ainda mais intensa pelas comunidades indígenas. Fortemente dependentes da relação com a terra, os povos originários enfrentam altos desafios para manter suas tradições e garantir a sobrevivência diante das alterações no clima. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, a concentração atmosférica de gás carbônico – principal causador do efeito estufa – atingiu o maior nível dos últimos 800 mil anos.
Na Amazônia, que abriga a maior parte das terras indígenas do Brasil, a temperatura média subiu um grau nas últimas quatro décadas, enquanto o volume de chuvas caiu 36% no mesmo período. As mudanças comprometem a segurança alimentar e o equilíbrio ambiental. Povos como os Pankararu, do sertão de Pernambuco, relatam que o clima já não segue mais o calendário tradicional de plantio, afetando culturas como feijão, mandioca e frutas.
"Falta água, falta comida, faltam estruturas e faltam políticas públicas que pensem nessas expansões", afirma Cristiane do Povo Pankararu, sobre os efeitos da crise na Caatinga. As florestas protegidas pelos povos são essenciais no combate à crise climática: estudos mostram que apenas 2% da vegetação em terras indígenas brasileiras foi desmatada, enquanto nas áreas vizinhas o índice chega a 29%.
Atualmente, o Brasil conta com 518 terras indígenas homologadas, fundamentais para a preservação da cultura, da biodiversidade e dos recursos naturais. Para essas comunidades, a demarcação não é apenas um direito constitucional, mas uma estratégia vital de enfrentamento às mudanças climáticas. A falta de condições para viver do campo tem forçado indígenas a migrar para centros urbanos em busca de sobrevivência.
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