Este episódio do Samba na Gamboa é um tributo aos grandes versadores, mestres da arte do improviso. Dois expoentes das rodas de partido alto, Xande de Pilares e Juninho Thybau, mergulham na história dos mais famosos quintais do Rio e da poesia que brota dos terreiros.
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No repertório, “Filhos de Jorge”, “Nosso jeito”, “Clareou”, “Brincadeira tem hora”, “Deus é mais” e “A vitória demora, mas vem”. Nascido de uma linhagem nobre, Juninho Thybau é herdeiro de nomes como Zeca Pagodinho (tio), Beto Gago (pai) e do avô, Thybau, que promovia grandes rodas. Cantor e compositor, ele já coleciona sucessos como “A vitória demora mas vem”, gravada por Diogo Nogueira, e “Eu carrego o patuá”, gravada por Mariene de Castro.
Xande de Pilares foi criado no Morro da Chacrinha, onde a família já realizava encontros musicais no quintal. Aprendeu a tocar violão ainda menino. Autodidata, foi aprimorar seu talento nos pagodes do Cacique de Ramos e outros célebres terreiros do samba do Rio. Em 1992, ou a formar o grupo Revelação e hoje brilha em carreira solo.No episódio, Xande conta que sua mãe era muito severa, e como não gostava que andasse muito pelo morro, ele se divertia com o violão, em casa. Como os tios tocavam, foi aprendendo e aperfeiçoando seu talento ainda menino. Mais tarde, foi metalúrgico, trabalhou como faxineiro, mas nunca abandonou seu sonho. Frequentava rodas como a do Cacique de Ramos, onde aprendeu a arte de versar com feras do partido alto. No mais famoso quintal do samba, conheceu Beth Carvalho, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho e Almir Guineto. Juninho Thybau também tem na família sua grande inspiração.
A casa do velho Thybau, o avô, era o grande quartel-general da família. Aos poucos, A1:J6 foi ganhando fama nas rodas da cidade e suas composições foram se tornando famosas mesmo sem mídia nem rádio. Sobre a capacidade de improvisar nas rodas de partido alto, uma de suas principais características, ele brinca: os amigos já o jogaram no miolo da roda do Pagode do Cobra, uma das mais tradicionais, para versar. E ele não fez feio. Dali, foi para o Cacique de Ramos, onde o saudoso Renatinho Partideiro, um dos mais famosos versadores do mundo do samba, o botou no palco. Uma consagração para um talento em ascensão.
Xande e Juninho também fazem homenagem a um dos maiores nomes do partido alto no Brasil: o mestre do samba Almir Guineto. Expoente do Morro do Salgueiro, Almir foi um dos mais respeitados artistas do mundo do samba.
Fundador do grupo Fundo de Quintal, introduziu inovações como o banjo adaptado com braço de cavaquinho. Sua maneira de tocar o instrumento, originalíssima, se espalhou pelas rodas do Brasil. Entre os maiores sucessos, estão “Caxambu”. “Mel na Boca”, “Lama nas ruas” e “Conselho”. Almir de Souza Serra faleceu em maio de 2017, deixando fãs e amigos, como Zeca Pagodinho e Beth Carvalho, inconsoláveis. Sua música, “Coisinha do pai”, composta com Jorge Aragão e Luiz Carlos, foi usada pela Nasa no projeto Pathfinder: um robô foi acordado na superfície do planeta vermelho ao som do pagode carioca por influência da engenheira brasileira Jaqueline Lyra.
Para grandes estudiosos do samba, como Nei Lopes, o talento do ex-gari e atendente de farmácia Guineto foi fundamental para toda a revolução musical que ocorreu embaixo da tamarineira do Cacique de Ramos. Sua forma de cantar e as influências do jongo, do partido alto, o estilo especialíssimo de tocar o banjo, foram fundamentais para conquistar o público. Foi uma das mais apaixonadas vozes do partido alto, gênero em que um, dois ou mais versadores cantam, normalmente, em forma de desafio com uma parte da canção em coral e outra de versos improvisados.
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