O Norte do Goiás, que no século 18 foi explorado por bandeirantes em busca do ouro, agora cultiva um outro tipo de riqueza. O açafrão-da-terra, também conhecido como cúrcuma, é a cultura predominante na região de Mara Rosa, que foi reconhecida pela produção da planta. O produto ganhou o selo de indicação geográfica (IG), que reconhece a qualidade e tradição de um produto a partir das condições ambientais e modo de fazer local. Em parceria com o Sebrae, nossa equipe visitou a região para conhecer como é feita essa produção e a versatilidade da planta, muito usada na culinária e até mesmo no setor têxtil.
Cerca de um quarto do açafrão brasileiro é produzido na região de Mara Rosa e, em 2016, foi certificado como IG. “Acho que é a terra boa, a planta se adaptou ao clima e eu acho que Deus abençoou também o lugar. Porque o açafrão nasce em todo lugar, mas não produz tanto quanto essa região. É um mistério de Deus”, diz Antônio do Nascimento, produtor de açafrão certificado.
Boa parte da colheita é feita por pequenos produtores, de forma manual, em uma tradição que a de geração em geração. “Eu gosto muito de trabalhar na terra, porque era um serviço que minha mãe fazia. Me lembrar muito e me sentir próxima dela. Ela faleceu de câncer, então é uma forma que eu tenho de homenageá-la, fazendo o que ela mais gostava que era trabalhar com açafrão”, conta Sebastiana Fortunato, trabalhadora rural.
“Na maior parte das vezes, são pequenos produtores que estão por trás de uma indicação geográfica. Muitas vezes, eles não têm condições de competir em volume de produção com grandes regiões ou produtores. Então, uma forma deles agregarem valor ao produto, trazerem desenvolvimento para os próprios pequenos negócios e para os demais negócios instalados naquela região, é por meio da diferenciação da indicação geográfica”, explica Hulda Giesbrecht , analista de inovação do SEBRAE Nacional. A entidade apoia os produtores a conseguirem a certificação de IG. Ao todo, o Brasil tem 92 indicações geográficas reconhecidas atualmente.
Para garantir a qualidade, a produção do açafrão certificado a por um controle de qualidade, etapa por etapa. “Todo açafrão com selo a por um processo no laboratório. Ele é um açafrão de maior qualidade porque não tem uso de herbicida”, explica Weslley Oliveira, engenheiro agrônomo da Emater.
Da mesa ao guarda-roupa
O uso do açafrão como tempero já é bastante difundido e, em Mara Rosa, há um festival culinário específico com receitas exclusivas que levam o ingrediente. Nossa equipe conheceu também uma chefe de cozinha em São Paulo que usou o tempero para colorir massas artesanais. “Fiz uma coleção que eu chamo de massas aos sabores e perfumes do Brasil, para que a gente possa usufruir e divulgar os perfumes do Brasil e as nossas preciosidades”, diz a chefe de cozinha Ana Soares, destacando o aroma especial do açafrão.
O amarelo característico do açafrão também é usado na fabricação de corantes. A designer Maibe Maroccolo desenvolveu o projeto Mattricaria para pesquisar o potencial das plantas brasileiras para desenvolvimento de tintas ou aplicação no segmento de tinturaria têxtil. Ela mostra como o açafrão imprime um amarelo vivo e único aos tecidos.
Além do prato e dos tecidos, cada vez mais a planta vem sendo reconhecida pelos seus benefícios à saúde. Universidades brasileiras têm pesquisado o potencial anti-inflamatório do açafrão e nutricionistas já recomendam a inclusão da planta na dieta para melhorar também a imunidade.
Ficha técnica:
Reportagem: Gracielly Bittencourt
Edição de texto: Amanda Cieglinski
Produção: Tiago Bittencourt e Cintia Vargas
Apoio à produção: Sarah Quines, Kitia Rubia, Matheus Raimundo
Imagens: Sigmar Gonçalves
Auxilio técnico: Rafael Calado
Apoio a imagem: João Marcos Barboza, Jorge Brum, Fernando Brás, Carlos Augusto
Apoio auxilio técnico: Raimundo Nunes, Rafael Augusto de Carvalho
Edição de imagens e finalização: Rivaldo Martins
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