Uma em cada quatro pessoas terá um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ao longo da vida. Esta é uma estimativa mundial, e o AVC é considerado por especialistas como uma epidemia global. É importante saber reconhecer os sinais de alerta do AVC e buscar ajuda o mais rápido possível. Existe tratamento que reduz o impacto da doença na vida das pessoas.
O AVC e o infarto são considerados doenças cardiovasculares. O médico cardiologista Roberto Kalil Filho afirma que quase 20 milhões de pessoas morrem todos os anos em decorrência dessas doenças. “O colesterol alto, o diabetes, a hipertensão arterial, o sedentarismo são alguns dos fatores de risco para as duas coisas, tanto para o infarto como para o AVC”, explica o médico. Com medidas de prevenção adequadas, 90% dos casos de AVC podem ser evitados.
O jovem Yago Ribeiro, de 27 anos, teve AVC quando tinha 24. Morador do Distrito Federal, ele é hipertenso e estava sem tomar remédios para a pressão. No dia em que sofreu o AVC, Yago estava bebendo com amigos e havia usado drogas. Ele foi levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e não teve o diagnóstico correto. “Eles me mandaram pra casa, eu fui perdendo os movimentos em casa. Um dia comecei a deixar as coisas no chão no banheiro, minha mãe estranhou. No outro comecei a falar nada com nada e no outro eu caí no banheiro e não conseguia levantar, o lado direito não respondia”, ele conta. Foram 15 dias até o diagnóstico correto e a cirurgia para o AVC hemorrágico. Yago ou por incontáveis sessões de reabilitação e atualmente pratica paracanoagem na Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação. Ele vai para a academia, se alimenta bem e cuida da pressão. “Espero que eu possa inspirar as pessoas a mudar”, diz.
O AVC pode ser de dois tipos, hemorrágico e isquêmico. Cerca de 80% dos casos correspondem ao AVC isquêmico. Para esses casos, existem duas modalidades de tratamento: o trombolítico, um medicamento usado na veia (trombólise endovenosa), e a trombectomia mecânica, um procedimento cirúrgico.
A médica neurologista do Hospital de Base do Distrito Federal Leticia Rebello, vice-presidente da Sociedade Brasileira de AVC, explica que a janela para a trombólise endovenosa é de 4 horas e meia do início dos sintomas. “Por isso que a gente é tão enfático em dizer que tempo é cérebro, por isso que a gente é tão enfático em falar que quanto mais tempo a pior é o prognóstico”.
Bruno Parente, médico neurocirurgião do Hospital Brasília, afirma que a trombectomia é um procedimento que trouxe um avanço muito grande no tratamento do AVC nos últimos 10 anos. “É um procedimento que consiste em ir até o trombo que oclui uma artéria cerebral e por meio de um cateter ou de um stent retirar esse trombo permitindo que a artéria volte a oxigenar o cérebro de novo”. O procedimento foi incorporado ao SUS, mas ainda são poucos os hospitais da rede pública no país que o realizam.
Larissa Martins, de São Paulo, também é uma sobrevivente de AVC. Ela sofreu um AVC aos 20 anos de idade, e recebeu atendimento em um hospital público. Larissa é voluntária da Associação dos AVCistas, e busca hoje alertar sobre a falta de informação sobre o AVC na sociedade. “O meu sonho, quero muito voltar a mexer o meu braço, e cada vez mais levar essa conscientização sobre o AVC para vários lugares, para poder salvar cada vez mais vidas”.
Ficha técnica
Reportagem - Flavia Peixoto
Apoio à reportagem - Ana Graziela Aguiar
Produção - Claiton Freitas
Reportagem cinematográfica - André Rodrigo Pacheco
Apoio à reportagem cinematográfica - Alexandre Nascimento, Gilvan Alves e Rogerio Verçoza
Produção de imagens de apoio - Claiton Freitas
Auxílio técnico: Alexandre Souza e Rafael Calado
Apoio ao auxílio técnico - João Batista Lima
Edição de texto - Flávia Lima
Edição e finalização de imagem - André Eustáquio
Arte - Caroline Ramos
Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.